segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Da origem das Festas "Nicolinas" II

Continuação deste artigo.

Tradições escolásticas do culto «Nicolino» em Coimbra.

- S. Nicolau, Patrono dos estudantes de Guimarães.

Gravura da Universidade de Coimbra.

S. Nicolau, Bispo, segundo o agiológio, ressuscitara três estudantes assassinados por um estalajadeiro em terras de França. Neste prodígio de milagre está o triunfo da eleição do Santo à excelsa categoria de Patrono dos estudantes, destacando-se neste reconhecimento, primeiro que Guimarães, a Universidade de Coimbra.

De facto, compulsando os estatutos deste primeiro estabelecimento de ensino, relativos a 1589, neles se consagra o dia 6 de Dezembro, a S. Nicolau.

A exteriorização deste culto desdobrava-se em procissão, espectáculos, danças, folias.

Camões, cuja vida escolar em Coimbra decorre de 1539 a 1542 - segundo Teófilo Braga -, dá-nos conta da existência de festas e exibições teatrais em honra de S. Nicolau, no seu auto - «El-rei Seleuco».

Diz nele certo personagem: «Tu fazes já melhores argumentos que moços de estudo por dia de S. Nicolau.»

Um destes argumentos teatrais - acrescenta o autor da «História da Literatura Portuguesa» - constituía o tema de um Mistério Sacro onde se representava o milagre dos três estudantes ressuscitados por S. Nicolau, e o arranjo coreográfico de uma dança feita à glória do mesmo Santo.

Afonso Valente, troveiro, assim diz a Garcia de Resende:

«De traz de San Nicolau,
em alto graao,
vos vi eu numa alta dança,
com essa pança mui atento...»

Por tudo isto se constata: que já na primeira metade do século XVI era festejado S. Nicolau na Universidade de COimbra, como seu Patrono escolar. As representações hieráticas e as danças cénicas, de sentido dramático, constituíam uma parte do seu culto externo.

O cerimonial da procissão deixa-nos antever a sua imponência: à frente, para abrir o cortejo e afastar o povoleu, iria o meirinho com os seus archeiros armados de alabardas; depois os charmeleiros, tangendo seus instrumentos clangorosos; agora, seguia-se o corpo docente e doutoral, com suas vestes roçagantes e insígnias; a devida distância, viam-se os bedéis das várias Faculdades com suas maças de prata; em lugar de honra, como a sua alta prerrogativa ordenava, o Reitor; finalmente, os colégios dos religiosos, dos seculares, e os estudantes. Esta ordem hierárquica, este luzimento, esta pompa, não podiam deixar de exercer na imaginação dos escolares provincianos um deslumbre e desejos de imitação; - nomeadamente em Guimarães onde a nobreza tinha vínculos fortes, e, à sombra deles, alimentava com fausto os seus pergaminhos.


in A. L. de Carvalho,
O "S. Nicolau". Tradições Académicas de Guimarães.,
Liceu Martins Sarmento, 1943.

Um comentário:

ANTONIO LOPES disse...

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