sábado, 29 de dezembro de 2007

Efemérides Académicas (10)

31 de Agosto de 1823: Neste dia houve a 3.ª e última corrida de touros, precedida de um baile (uma vistosa dança) feito pelos estudantes, o qual percorreu todas as ruas, em honra do Visconde d'Azenha, Martim Correia, pela sua chegada de Lisboa no dia 16. PL e J. L. de F.

13 de Maio de 1825: Às 7 horas da tarde chegaram aqui próprios que traziam folhas com as proclamações de S. M. Sr. D. João VI em que ordenava não obedecessem a seu filho o sr. Infante D. Miguel. E também nas mesmas folhas vinha um decreto do dito rei que mandava soltar todos os que haviam sido presos desde o dia 30 de Abril, e demitindo do posto e general em chefe a S. ª R. o sr. Infante D. Miguel. À noite houve teatro em que os estudantes representaram, "José II", mas não se fez memória desta notícia. PL

27 de Junho de 1825: Nasce nesta cidade o padre José Leite de Faria Sampaio, vulgo o padre José Mico, maior brincalhão que durante muitos anos, até 1866, tiveram os folguedos dos estudantes ou festas do S. Nicolau. Era bom cantochonista, tinha para isso uma forte e doce voz, muito agradável.

1 de Agosto de 1825: Morre João Cucusio da Rua Nova. Foi sepultado na capela dos 3ºs Franciscanos. PL - Este era o célebre Cucusio que na madrugada de 5 de Dezembro os estudantes, andando às posses, visitaram fazendo-lhe em frente da sua vivenda grande gritaria "Ò Cucusio mostra o cu" e ele os satisfazia vindo à janela mostra-lhes o olho do cu.

5 de Dezembro de 1825: "São presos alguns estudantes por andarem com as caras pintadas. No dia seguinte pegaram em armas alguns milicianos para prenderem todo aquele que andasse mascarado. Os estudantes que andaram com as caras pintadas foi por haver tolerância do Corregedor a que o Juiz de Fora se opôs ,mandando-os prender. Estas ordens indispuseram a maior parte dos habitantes contra os motores de tais medidas. No dia seguinte apareceram imensos pasquins". P.L

[in Efemérides Vimaranenses, de João Lopes de Faria. Manuscrito da SMS.]

terça-feira, 25 de dezembro de 2007

Efemérides Académicas (9)

17 de Setembro 1817: Provisão nomeando professor substituto de latim por 3 anos o padre Francisco Xavier de Sousa Lobo, no impedimento por moléstia do professor proprietário, padre António Lobo de Sousa.

13 de Maio de 1819: Por ser o aniversário de el-Rei D. João VI, os estudantes representam na casa da ópera, que era atrás da capela de Nossa Senhora da Guia, onde está a casa da sacristia, uma tragédia que foi mal desempenhada.

20 de Outubro de 1819: Provisão nomeando substituto por 3 anos do professor de latim, doente, padre António Lobo de Sousa, a João Ferreira dos Santos.

1 de Dezembro de 1821: O juiz de fora Bento Ferreira Cabral proíbe que os estudantes andem mascarados em dia de S. Nicolau. PL (que afinal foi tolerado a pedido de Gaspar Teixeira, com a condição de não usarem de armas proibidas).

3 de Dezembro de 1821: Os estudantes em número de 140 fazem um requerimento ao juiz de fora Bento Ferreira Cabral o qual é apresentado por Gaspar Teixeira, e o corregedor (sic) tolera-lhes se mascarassem mas proibindo o uso de armas. P.L.

27 de Julho de 1822: Provisão nomeando professor da cadeira de latim de Guimarães a João Ferreira dos Santos, vaga por óbito do padre António lobo, com 240$000 réis. Tomou posse a 7 de Agosto de 1822.

6 de Dezembro de 1822: Não obstante haver proibição, saíram alguns estudantes mascarados. P.L. - Diz o José de Freitas Costa: veja-se Poesias a João Evangelista.

28 de Novembro de 1822: Sai um Bando em que por ordem do Intendente geral da polícia se proibiam as mascaras em dia de S. Nicolau.

12 de Janeiro de 1823: Saem mascarados os estudantes acompanhando um carro com o retrato de Sua Majestade. o Sr. D. João VI e cantando o hino constitucional e fazendo uma brilhante dança. Repetiram tudo no dia seguinte. P. L.

[in Efemérides Vimaranenses, de João Lopes de Faria. Manuscrito da SMS.]

sábado, 8 de dezembro de 2007

Caiu a monarquia, tombou o pinheiro

A queda da monarquia e a instauração da República em Portugal levou a que as Nicolinas, vistas como um anacronismo, fossem objecto de alguma contestação (passageira), em parte também resultante de um acidente com o pinheiro, que tombou, quando tratavam de o erguer, matando um rapaz de 13 anos. Alguns dias depois, publicava-se no jornal Alvorada o seguinte texto, assinado por um ex-estudante:


À Academia Vimaranense

(Em especial à Comissão das chamadas “Festas de S. Nicolau”)


Briosos rapazes:

Um lamentável desastre nas vossas festas, no qual não tendes a culpa, é certo, mas de que estais, sem duvida, pesarosos como se a tivésseis, deve induzir vos a pensar no extermínio dessa coisa, que nenhum sentido faz, das Festas a S. Nicolau.

Raciocinando a sós e a frio, vós que podereis ser cábulas mas não sois estúpidos, compreendereis que tais Festas vão-se aguentando por um tour de force e que só as anima e vitaliza o vosso entusiasmo juvenil ou as olha boquiaberto e saudoso algum velhote, veneranda relíquia do tempo em que elas eram, pelo menos, uma exibição de costumes. Tais festas, porem, nem comemoram uma data importante da nossa história, nem consagram uma benemerência social, nem visam a acendrar o sentimento patriótico, nem sequer têm o mérito duma folga higiénica ou divertimento inofensivo.

Pelo contrario. Sob este ponto de vista, ficam muito aquém duma corrida de garranos ou da morte do galo. Servem apenas para catarrais e pneumonias, para alentar tuberculoses, para desassossego e perturbação do público, para partidas e pirraças que não esquecem, para desastres, enfim, como esse que sabemos. E depois hão de ser-vos sempre tolhidas, sempre aguadas, as tais festas, por mais exibicionistas e dançarinas que as planeeis. Sim, bem compreendeis, dias de festança e aulas a correr é uma alegria chocha, é uma alegria a meio pau!

Dias de arruado e chuva a potes de mandar ao diabo a patuscada!

É por isso que me apraz vir dizer-vos: Acabai com isso, que faz lembrar os batuques dos selvagens, que parece um trecho de sertão africano deslocado para um meio civilizado.

Desisti desse mal simulado Carnaval que tem sido um protesto arrastando-se com o rótulo pomposo de Festas a S. Nicolau.

Acabai com isso! Quereis associar o vosso nome a uma obra linda? Metei ombros à fundação duma Sociedade Académico – Filantrópica para auxiliar os vossos camaradas pobres. Pegai já nesse dinheiro que juntastes ou juntardes e seja ele o fulcro da nova empresa.

Depois fazei quetes, promovei saraus, dai espectáculos para obterdes fundos cada vez maiores. Adestrai-vos para o palco, para a recitação, para o discurso, para a música. Desenvolvereis assim aptidões latentes e, ajudando o camarada pobre, começareis a ser desde já um alto valor social. Isto sim, que é belo, que é altruísta, que é generoso, que é nobre e próprio de rapazes briosos e inteligentes! O que por aí exibis com o peguilho de Festas a S. Nicolau é uma pavorosa coisa, trabalhosa e inútil, que o vosso bom senso repele decerto, mas em que vos meteis porque já os outros se meteram e vós não quereis ficar atrás.

Não vos acanheis em repudiar essa herança.

Não perfilheis esse passado.

É uma glória reformar para bem.

Buscai essa glória, abolindo anacronismo e substituindo-lhe uma coisa moderna e linda — Trabalhar pela Filantrópica.

Tendes aí o bom Padre Roriz, todo entusiasta pelos progressos da sua terra e pelas generosas tentativas. Ele que, segundo é notório, vive agora arredado das lides políticas e jornalísticas, não se furtará de certo a cooperar convosco no lançamento e consolidação duma Sociedade Filantrópica Vimaranense com o fim de subsidiar estudantes pobres.

Buscai o seu auxílio, a sua direcção, o seu conselho. Organizai-vos em Grupo Dramático-Musical que representando, recitando, discursando, musiqueando quebre de onde a onde, a monotonia do viver vimaranense e seja como que o ganha-pão da incipiente sociedade.

Fazei convergir para Ela as energias, os entusiasmos, os sacrifícios que malbaratais ingloriamente e perigosamente do pinheiro, no zabumba, nas roubalheiras e estúrdias ao S. Nicolau.

Fosse eu estudante, que não descansaria enquanto não visse realizada a Sociedade Filantrópica Académica e canalizadas para ela as simpatias que os escolares parecem votar às absurdas Festas Nicolinas.

Guimarães 3-12-1910.

Um ex-estudante.

quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

Efemérides Académicas (8)

Janeiro de 1708 (sine die): Neste mês, o D. Prior D. João de Sousa, sumilher da cortina de Sua Majestade, inquisidor apostólico da Inquisição de Lisboa e cónego prebendado na sé de Coimbra, faz visita no espiritual e temporal à Colegiada, e dá carta de visitação, sem designação do dia em que foi feita, assinada em 25 de Fevereiro de 1708, consta o seguinte capítulo:

"74 - É coisa muito indecente que, no dia da festa de S. Nicolau, que nesta vila se celebra pelos estudantes, andem os mesmos a cavalo com sobrepeliz e murça, fazendo gravíssima ofensa à autoridade do hábito canonical, e, sendo esta acção muito repugnante à veneração que se deve às vestiduras dos sacerdotes, pois se convertem em usos sumamente profanos, de que forem ordenadas para o culto divino, e detestando tão irreverente abuso, proibimos a todos os nossos súbditos, sob pena de excomunhão maior ipso facto incurrenda, que emprestem murças e sobrepelizes, nem consintam por algum modo, que se sirvam das suas para o dito efeito. "

[in Efemérides Vimaranenses, de João Lopes de Faria. Manuscrito da SMS.]

domingo, 2 de dezembro de 2007

Efemérides Académicas (7)

06 de Dezembro de 1808: Em consulta da Junta da Directoria Geral dos Estudos de 11 de Novembro de 1808 foi indeferida por aviso régio de 21 de Novembro de 1808 a representação da Câmara, nobreza e povo de Guimarães pedindo a criação de uma cadeira de filosofia racional e moral, e deferiu na parte em que pedia o restabelecimento da de retórica e por Provisão régia deste dia 6 de Dezembro de 1808 foi nomeado professor proprietário desta cadeira de retórica e poética o padre frei António Pacheco mestre de teologia e religioso de S. Domingos de Guimarães, com o ordenado de 280$000 réis anuais pago aos quartéis pelo cofre do subsídio literário, e condição de dar aula fora do seu convento.

19 de Janeiro de 1809: Abriu-se a aula de retórica e poética no convento de S. Domingos, regida por frei António Pacheco.

13 de Dezembro de 1813: Provisão concedida por despacho de 10 de Dezembro de 1813, permutando para a escola primária de S. Martinho de Sande o professor da de Brito José Alves Guimarães a seu pedido. - vide 25 de Janeiro de 1814 -

25 de Janeiro de 1814: Provisão permutando o professor da escola primária de S. Martinho de Sande, padre António José da Silva para a de Brito, a seu pedido, por despacho de 10 de Dezembro de 1813.

01 de Fevereiro de 1814: Foi dada posse a José Álvares Magalhães, morador no lugar da Taipa, freguesia de S. Tomé de Caldelas, permutado na qualidade de mestre proprietário para a primeira escola deste termo com exercício em S. Martinho de Sande.

16 de Fevereiro de 1814: Em sessão de vereação foi dado posse da cadeira da 2ª escola deste termo com exercício em S. João de Brito, ao padre António José da Silva, desta freguesia, que por provisão da Real Junta da Directoria Geral dos estudos e escolas dos reinos e domínios, passada em Coimbra a 25 de Janeiro de 1814, fora permutada na qualidade de mestre proprietário que era da 1.ª escola, de S. Martinho de Sande.

[in Efemérides Vimaranenses, de João Lopes de Faria. Manuscrito da SMS.]