14 de Novembro de 1835: A requerimento dos meninos coreiros e dos estudantes, é citado judicialmente o cabido para um libelo de força nova espoliativa e turbativa, e para todos os termos até final, pena de revelia, sobre o mesmo cabido lhes negar a posse ou renda em dia de S. Nicolau do ano anterior, que foi o 1º depois da extinção dos dízimos.
18 de Novembro de 1835: O Cabido é citado nas pessoas do arcipreste Pedro Machado de Melo Araújo e dos cónegos Manuel de Barros Pereira da Silva, António de Freitas Costa e Joaquim Vaz Vieira de Melo Alvim, por um oficial de diligências, o qual declarou que os mais cónegos não quiseram assinar dizendo não ser com eles mas sim com o seu rendeiro de Sto. Estêvão de Urgeses, para um libelo de força nova espoliativa e turbativa que lhe moviam os coreiros e os estudantes por não terem recebido em dia de S. Nicolau do ano anterior a costumeira ou renda das maçãs, etc.
4 de Abril de 1836: Foi festejado o aniversário da rainha. À aurora, meio-dia e à noite houve girândolas de foguetes e repiques de sinos. À noite toda a vila esteve iluminada. A Sociedade Patriótica reuniu-se no palacete do Toural, todos os sócios e muitos convidados, e aí em uma das salas esteve o busto de S. M. debaixo de um docel e cercado de luzes e flores; serviram-se chá, licores, vinhos, doces e fiambres; recitaram-se poesias e na sala imediata houve vários quartetos de música em que se distinguiram 3 sócios: Agostinho Vicente, juiz de direito de Fafe, João Barroso Pereira e padre João de Azevedo Varela, tocando um hino feito por este compositor. Na fachada do edifício estava uma brilhante iluminação onde aparecia o retrato de S. M., e alternadamente tocava uma banda de música, com outra que em frente se achava, sendo esta paga por uma reunião patriótica de estudantes que, para mostra a sua satisfação, levantaram ao lado do palacete um templo onde se via a estátua da Constituição e de onde se recitaram várias peças poéticas, com o maior entusiasmo. Na praça foi grande a concorrência de damas e de povo, reinando sempre o maior sossego e civilidade em todos. António do Couto Ribeiro, não acedeu ao pedido que a Sociedade Patriótica lhe fez de uma sala da sua casa, da Rua Sapateira, para esta festa, que também já lha não havia emprestado para as suas sessões, pelo que o "Artilheiro" dá-lhe uma tremenda sova, chamando-lhe miguelista, etc. "Artilheiro".
20 de Abril de 1836: Houve na igreja de S. Pedro um solene Te Deum pela chegada e consórcio do príncipe D. Fernando com a rainha D. Maria II, "ao qual assistiu a Câmara, Cabido, clero, ordens 3ªs, irmandades e pessoas de muitas classes diferentes". No fim o S. Santíssimo Sacramento em procissão pelas Lages, Rua Travessa, Rua de S. Domingos, e tornou-se a recolher, indo na procissão todas as corporações acima ditas com tochas acesas e uma imensidade de cidadãos também com tochas. As autoridades também assistiram a este religioso acto. À noite representaram vários estudantes uma comédia no teatro do Campo da Feira. A despesa do Te Deum e do teatro foi à custa da Câmara. A entrada no teatro foi de graça. PL.
28 de Abril de 1836: À noite repetiram os estudantes a comédia representada por ocasião das festas pela chegada do príncipe. Esta comédia foi em benefício das freiras Capuchas. PL.
11 de Abril de 1837: Não querendo, o advogado dr. António Leite de Castro e o procurador Luís Machado Gonçalves, continuar com o mandato do Cabido na causa que trazia com os coreiros e estudantes sobre a posse das maças, castanhas, etc., do S. Nicolau, o Cabido fez intimá-los neste dia para, sob pena de suspensão, continuarem no patrocínio da causa.
28 de Abril de 1837: Foi remetido para a Relação do Porto, a fim de continuar por apelação, o processo em que eram autores os estudantes e os coreiro e réu o Cabido, sobre as maças, etc, do S. Nicolau.
12 de Maio de 1837: Logo depois de Trindades indo a recolher-se na para sua casa o cónego João Baptista Sampaio, foi espancado, na Ponte do Campo da Feira, por 3 indivíduos, ficando muito mal tratado, a ponto de o levarem para casa nos braços. PL. Isto, disseram que foram os estudantes, por ele ser o pior dos cónegos contra eles na demanda que traziam contra o Cabido em não lhes querer pagar a “renda” do S. Nicolau. Também vi uma notícia, não sei quem a deu, nem onde: “Foi espancado o cónego António José Dias Pinheiro por causa da demanda com os estudantes sobre as maçãs, etc., do S. Nicolau”. O P.L. não diz deste. Só daquele, seria verdade? J.L. de F.
[in Efemérides Vimaranenses, de João Lopes de Faria. Manuscrito da SMS.]
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