segunda-feira, 12 de novembro de 2007

As Nicolinas no National Geographic

"No final da festa, e por culpa do vigor dos participantes, os bombos ficam muitas vezes maltratados."


Festas Nicolinas numa fria noite de Novembro, o rufar ensurdecedor de milhares de bombos e caixas não deixa dúvidas: o "pinheiro" está em marcha! Pelas ruas de Guimarães, a turba move-se a toque de caixa, acompanhando o enorme pinheiro, puxado por uma junta de bois e enfeitado com fitas e lanternas de cores cálidas. Realizado a 29 de Novembro, o momento marca o início das Festas Nicolinas.

A mais antiga referência histórica a estas festas remonta a 1663 e há várias explicações para as suas raízes. A mais consensual aponta para uma representação simbólica da virilidade masculina. Tradicionalmente, apenas os homens integravam o cortejo. Embora hoje todos nele participem, a Comissão de Festas Nicolinas, com dez membros, continua a ser um reduto exclusivo dos rapazes.

Sinal do papel que têm na sociedade vimaranense, por toda a cidade se encontram à venda bombos e caixas. Na noite do Pinheiro, as peles tensas tingem-se muitas vezes de sangue das mãos, tal a violência do toque! Rui Macedo, presidente da Comissão em 2006 e 2007, explica: "É muito especial para nós organizar estas festas. Sentimos a responsabilidade de manter a tradição, é algo que vem de dentro." Os "velhos nicolinos" também estão presentes. Miguel Vieira, um antigo estudante, conta: "Em 1997, estava a viver em Moçambique e seria a primeira vez que iria falhar o Pinheiro... Não resisti. Meti-me num avião e nessa noite cá estive a tocar caixa até de madrugada!"

(Texto e fotografia de António Luís Campos, in National Geographic - Portugal, edição de Novembro de 2007)

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