O PINHEIRO
Pelas 8 horas da noite de domingo último, deu entrada nesta cidade o clássico pinheiro, anunciador da festa dos estudantes ao seu patrono S. Nicolau. A rapaziada, alegre e entusiasta, rufando diabolicamente em tambores e zabumbas e empunhando archotes, formava um numeroso cortejo que, visto à distância, produzia um efeito deveras surpreendente.
Primorosamente adornado com bandeiras e arbustos, o pinheiro era tirado por 28 juntas de bois e acompanhado por uma banda de música, seguindo vagarosamente para o campo de D. Afonso Henriques, onde foi levantado no dia seguinte.
1.º DE DEZEMBRO
Récita de gala, dedicada à cidade de Guimarães, no teatro de D. Afonso Henriques, que estava muito bem adornado com bandeiras, flores, arbustos, colgaduras de damasco, lanças, tambores e emblemas académicos.
No átrio tocava uma banda de música.
O espectáculo principiou cerca das 9 horas abrindo com um discurso pelo académico Neves Pereira, que foi muito aplaudido,
Seguiu-se a comédia em 3 actos Mosquitos por cordas, desempenhada pelos académicos Neves Pereira, Alfredo Correia, Jerónimo Sampaio, António Amaral e pelas amadoras Ana Roriz e Cândida Guimarães.
Nos intervalos do 1.º, 2.º e 3.º actos recitaram poesias os srs. Francisco Martins Ferreira, António Francisco da Silva e Jerónimo Sampaio.
Terminou o espectáculo com a comédia em 1 acto Um fura-vidas, por Jerónimo Sampaio, Neves pereira, Alfredo Correia, Domingos Agra, António do Amaral e Ana Roriz.
O espectáculo agradou em geral, e prova esta asserção o grande número de aplausos e flores com que a selecta sociedade, que enchia literalmente o teatro, galardoou o trabalho dos briosos académicos.
A parte musical, a cargo do professor Sr. Paranhos, também foi executada magistralmente, e por este motivo foram justas as muitas palmas que recebeu.
NA SEXTA-FEIRA
Pelas 8 horas da noite os académicos em grande marcha aux flaumbeaux andaram às posses, e depois tiveram o divertido magusto.
[Povo de Guimarães, N.º 6, 1.º ano, Domingo, 6 de Dezembro de 1896]
O BANDO
Saiu no domingo, como estava anunciado.
A chuva impertinente que caiu durante a tarde não conseguiu arrefecer o entusiasmo dos briosos académicos.
Uns a cavalo em
"Lindas exibições, fantásticas folias
Que só em Guimarães as houve nestes dias."
Outros a pé, fazem
"Que as peles rufem bem, berrem com bizarria,
Retumbando no espaço um eco de alegria."
Num landeau tirado por duas magníficas parelhas, vinham o presidente da comissão dos festejos, que recitava o pregão, e o primeiro e segundo secretários.
Aquele dizia que
". . . . . . . . . . . . . . . .Estudantes não vergam
A cerviz, a quem quer que pretenda mandá-los,
Quer seja um Rei, quer mestre de badalos."
Ficámos cientes.
O CORTEJO ACADÉMICO
Na segunda-feira de tarde, saiu da Escola Industrial assim organizado:
À frente os indispensáveis tambores e zabumbas; seguiam-se três académicos montados em bons cavalos, um dos quais empunhava a bandeira da academia; a filarmónica União executava o hino académico, precedendo-a a dança das lavradeiras e picadores. Fechava o préstito o carro triunfal conduzindo sobre uma enorme esfera a figura de Minerva empunhando um facho.
Depois de percorrerem algumas ruas, recolheu-se cerca das 7 horas da tarde, excepto a dança que visitou as casas das principais famílias de Guimarães.
Na sala da nossa redacção estiveram às 11 e meia, demorando-se até à meia-noite.
O académico Sr. Jerónimo Sampaio, num brinde feito ao nosso director, agradeceu em nome da academia as palavras de deferência tem tido para com a mesma academia, e muito especialmente para com os académicos que tomaram parte nos festejos de S. Nicolau. Por último, foram levantados vivas calorosamente correspondidos pelo muito povo que ainda os acompanhava.
Pela nossa parte agradecemos e desejámos que para o ano os vossos folguedos venham novamente arrancar Guimarães à sua monotonia habitual.
[Povo de Guimarães, N.º 7, 1.º ano, Domingo, 13 de Dezembro de 1896]
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