Frei Clemente de Santa Maria das Dores
Por essa Europa fora, S. Nicolau era celebrado pelos estudantes e meninos do coro das escolas das catedrais, em festividades muito populares, quase sempre marcadas por folias e desmandos que, pela sua natureza, não raro eram objecto de proibições decretadas pela hierarquia da Igreja. Em Espanha, onde não faltam testemunhos das festas do obispillo de San Nicolás, estes festejos têm grande tradição. Em muitos lugares, sobreviveram até aos tempos que correm.
O obispillo era um moço do coro (geralmente, o mais jovem dos cantores da catedral) que subia ao coro, com os seus companheiros como acólitos, onde celebrava missas burlescas e imitava chocarreiramente o verdadeiro prelado. Em Burgos, o obispillo envergava vestes episcopais. Montado numa mula e acompanhado pelos outros coreiros, investidos transitoriamente nas dignidades de cónegos da catedral, percorria as ruas da cidade, lançando benzeduras a eito, para divertimento de quantos assistiam a este cerimonial burlesco.
A procura da origem dos festejos a S. Nicolau de Guimarães ainda nos há-de conduzir, como na tradição do obispillo de nuestros hermanos, até às festas de loucos das Idade Média, nas quais se praticava a inversão da realidade, virando-se o Mundo às avessas. Também aqui havia uma igreja equiparada a sé catedral (a Igreja da Colegiada), com moços do coro e estudantes que, no dia de S. Nicolau, escolhiam um de entre eles para se vestir de bispo e andar a cavalo pelas ruas, “causando turvações na vila e muitas indecências”, como notaria o arcebispo D. Veríssimo de Lencastre, em Janeiro de 1675.
Ou seja: não deve ser preciso subir à Costa para escavar as raízes das Nicolinas. Estou certo de que podemos ficar pela Praça Maior.
O Egresso António do Sacrifício Pelo Divino Sustento
Um comentário:
Cá está o Egresso António a dar-nos algumas luzes sobre a matéria. Concordo consigo na tese que defende. Parece é que o Frei Bento anda desejoso de nos contradizer... Mas aguardemos pelo seu regresso da Terra Santa.
Entretanto, rogo a Deus, ao nosso Santo por mais textos destes... Que os feitiços das carnes da deleitosa Madalena o continuem a inspirar para assim prosseguir!
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