sexta-feira, 23 de novembro de 2007

Os festejos a S. Nicolau em 1895

Na sexta-feira, cerca das 8 horas da noite, entrou nesta cidade o pinheiro anunciador dos tradicionais festejos escolares dos dias 5 e 6.

A entrada foi real.

O mastro, que mede uma porção de metros, era tirado por 26 juntas de bois, trazendo bandeiras encruzadas em todo o seu comprimento.

Precediam-no numerosos estudantes com zabumbas e tambores, que faziam um barulho ensurdecedor.

Atrás do pinheiro vinha uma banda de música, tocando o antigo hino escolástico, hinos que os velhos ouviam com vivíssima saudade, e não poucos com arroubos de se lançarem nos braços da mocidade estudiosa, zombando por alguns momentos da idade que lhes vai apontando diariamente o seu ocaso.

Guimarães associou-se aos festejos dos estudantes, vendo-se bastantes damas nas janelas e povo nas ruas.

Os estudantes têm ido todas as manhãs às novenas de Nossa Senhora da Conceição.

[O Comércio de Guimarães, n.º 1069, XII ano, 2 de Dezembro de 1895]


Os académicos vimaranenses continuam com os tradicionais festejos de S. Nicolau.

Ontem fizeram o magusto, andando depois as posses.

A alma popular expandiu-se com os rapazes, havendo fraternização geral.

Hoje há o bando, que nos dizem estar primorosamente escrito, ou ele não saísse da brilhante pena do distinto e talentoso advogado dr. Bráulio Caldas.

[O Comércio de Guimarães, n.º 1070, XII ano, 5 de Dezembro de 1895]


Se não atingiram o esplendor de outros tempos, os festejos de S. Nicolau em 1895 tomaram um vulto grandioso, que deixa prever a restauração dessa antiga festa da mocidade estudiosa.

O bando ia excelente, e Sampaio tirou todo o partido dele.

A entrada dos rapazes que vinham ofertar às damas vimaranenses as maçãs foi esplêndida, e não nos recordamos de outra igual.

Na oferta das maçãs gastaram os académicos algumas horas.

Todos eles vestiam muito bem, ostentando alguns costumes de muito gosto.

Houve alguns desarmes, mas não admira em quem não conhece as regras de equitação. Felizmente não houve novidade.

À noite houve cavalhadas e danças, que foram pouco apreciadas; as primeiras, por saírem muito tarde, e, as segundas, por mal se enxergarem.

No acreditado colégio de S. Nicolau houve iluminação, houve iluminação, música e fogo, estando muito povo a apreciar a última noite dos festejos de S. Nicolau, apesar do frio ser intensíssimo.

[O Comércio de Guimarães, n.º 1071, XII ano, 9 de Dezembro de 1895]

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