quinta-feira, 1 de novembro de 2007

Festejos dos Estudantes da aula de latim de Guimarães denominados de S. Nicolau (III)

Gaspar Roriz. Caricatura de José de Meyra (Arquivo da Sociedade Martins Sarmento)

Conclui-se a publicação de um testemunho (ver partes I e II) que veio a lume jornal O Comércio de Guimarães, sobre as festas do estudantes a S. Nicolau na segunda metade do século XIX:

"Sobre esta antigualha oferecemos aos nossos leitores os seguintes apontamentos dispersos:

No 1.º de Dezembro de 1821 o juiz de fora Bento Ferreira Cabral proibiu as máscaras.

A 28 de Novembro de 1822, um bando do intendente da polícia também as proibiu, mas depois duma representação dos estudantes feita a Sua Majestade D. João VI, em portaria de 2 de Dezembro, deu licença para os ESTUDANTES se mascararem nos dias 5 e 6 de Dezembro,

Por tão fausto acontecimento levantaram os estudantes a sua bandeira, havendo fogo do ar, repiques em todas as torres da vila, iluminações em todos os prédios, saindo uma encamisada, acompanhada de muito povo, que dava vivas às Cortes e a Sua Majestade.

Nos dias 12 e 13 de Janeiro de 1823 saíram os estudantes mascarados, acompanhando um carro triunfal com o retrato de D. João VI, cantando o hino nacional, e precedido duma brilhante dança.

No dia 10 de Março de 1837, venceram os estudantes suma demanda que traziam com o cabido, havendo por isso diversas manifestações de regozijo.

Os festejos escolásticos que, por assim dizer, tinham terminado com a extinção da aula de latim, renovaram-se em 1895, para o que muito tem contribuído o grande entusiasta por eles Jerónimo Sampaio, que oxalá eles não mais caiam em desuso, e se aperfeiçoem quanto mais se possa.

Permita-nos o snr. Jerónimo Sampaio que lhe lembremos, para fazer o uso que entender, um alvitre, que vinha sempre aos estudantes de latim, passadas as festas, e era de que se formasse uma espécie de centro académico, com quotas mensais, e recebendo subsídios durante o ano dos entusiastas antigos das festas, e dando-se durante o ano algumas récitas para tal fim.

Lembrava-se isto muitas vezes, mas nunca se realizava.

Apenas um ano se tentou organizar a Companhia Dramática de estudantes, em que entravam João Luís Gomes, António Joaquim de Azevedo Machado, João Joaquim de Oliveira Bastos, e outros, mas, tendo havido alguns ensaios dum drama, a certa altura, tudo debandou.

Não sucedeu assim em Braga, durante o tempo que à frente do Liceu esteve como reitor o Dr. Luís da Costa Pereira, havendo récitas esplêndidas no teatro de S. Geraldo, dadas por estudantes, em algumas das quais entravam O Visconde de Pindela e Bernardo Pindela (hoje Conde de Arnoso) e até senhoras da primeira sociedade bracarense.

O produto das mesmas era aplicado aos festejos do 1.º de Dezembro.

Por que não fazem os nossos amigos Gaspar Roriz e Jerónimo Sampaio um tour de force nesse sentido? Competência não lhes falta."

(O Comércio de Guimarães, Dezembro de 1906)

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